Jéssica Sette celebra 10 anos de fotografia com trajetória de superação, reinvenção e sensibilidade
- Editor
- 2 de jul.
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Celso Nery Há dez anos, uma curiosidade despertada em meio a fins de semana silenciosos se transformou em vocação. Em 2025, a fotógrafa Jéssica Sette, radicada em Tapurah, celebra uma década de profissão com uma história marcada por resiliência, aprendizado constante e, sobretudo, amor genuíno pelo que faz.
O ponto de partida surgiu em Cuiabá, onde teve os primeiros contatos com câmeras e bastidores de eventos. Era um universo novo, mas que a cativou rapidamente. Quando a estabilidade profissional foi abalada por uma demissão no serviço público terceirizado, ela viu na fotografia uma oportunidade — ou talvez um chamado — e decidiu mergulhar de vez nessa jornada. Começou a estudar edição, a captar seus próprios eventos e a se posicionar como fotógrafa independente.
Jéssica trilhou boa parte do caminho em Cuiabá, fotografando eventos corporativos, casamentos e festas de 15 anos, onde a estrutura dos acontecimentos ajudava a manter o ritmo intenso de trabalho. A mudança para Tapurah, em 2022, representou um novo desafio: menos estrutura, eventos mais intimistas e orçamentos reduzidos. Foi preciso reaprender — não apenas técnicas, mas principalmente a se reconhecer como protagonista da própria história.
“Eu achava que não era capaz. Mas fui me redescobrindo”, lembra. Em um cenário mais enxuto, ela precisou assumir várias funções além da fotografia: cerimonial, apoio técnico, atendimento e gestão. O que parecia limitação se revelou, com o tempo, um combustível para seu crescimento.
O grande marco dessa nova fase foi a abertura do próprio estúdio fotográfico, em 2023. Até então, seus trabalhos eram todos realizados em ambientes externos, em estúdios alugados e até mesmo em um estúdio improvisado em sua casa. A decisão de investir em um espaço próprio envolveu cursos específicos, aquisição de equipamentos e muito estudo, especialmente em técnicas de iluminação. Desde então, tem se especializado cada vez mais em ensaios de estúdio, área muito valorizada em Tapurah, especialmente entre gestantes.
Esse nicho, aliás, é um dos seus maiores encantos. “A fase gestacional é muito bonita, e eu acabo criando um laço afetivo com as mulheres que passam pelo meu estúdio”, afirma. O carinho que coloca nesses momentos vai além do clique: é uma forma de acolhimento, espelhada na experiência pessoal de sua própria gestação. “Acredito que esse cuidado reflete na forma como conduzo os ensaios. Tento oferecer o ambiente mais confortável e afetuoso possível.”
O reconhecimento não tardou a chegar. Em 2023 e novamente em 2024, Jéssica foi escolhida como a melhor fotógrafa de Tapurah nas pesquisas de satisfação realizadas pela ACET (Associação Comercial e Empresarial de Tapurah) e pelo instituto Ângulos Pesquisa. O resultado confirma a confiança do público e o impacto do seu trabalho no município.
Entre luzes suaves e direção precisa, Jéssica desenvolveu um olhar sensível e atento aos detalhes — desde um bolso desalinhado até o nervosismo de um cliente. Sua escuta atenta e percepção emocional são ferramentas invisíveis, mas fundamentais para a construção de imagens que encantam e emocionam. “Com o tempo, a fotografia me tornou uma pessoa mais sensível. Eu aprendi a perceber o que o outro sente antes mesmo de dizer uma palavra.”
Para ela, completar dez anos atuando na área é motivo de celebração por muitos motivos. Afinal, não foram poucas as vezes em que imaginou que não poderia continuar: durante uma gravidez de risco, no puerpério, nas mudanças de cidade e nos momentos de insegurança. Mas a cada curva da estrada, encontrou maneiras de seguir, mesmo que fosse com um passo de cada vez.
Hoje, Jéssica não apenas se realiza com seu trabalho, como busca constantemente se aperfeiçoar. Entre seus sonhos está a participação em workshops e feiras especializadas em São Paulo, com o objetivo de trazer novas tendências e técnicas para o interior do Mato Grosso. “Quero evoluir sempre, para oferecer o melhor a quem confia no meu trabalho.”
Mesmo fora do estúdio, a paixão permanece. Na igreja onde congrega, integra a equipe de mídia e continua fotografando por puro prazer. Para ela, o ato de fotografar vai além do ofício: é identidade, expressão e missão. “Estar atrás da câmera é o meu lugar. Eu me sinto viva quando fotografo.”
Com uma década de história e um futuro promissor pela frente, Jéssica Sette reafirma que não se trata apenas de tirar boas fotos, mas de construir memórias com propósito, sensibilidade e entrega. E é justamente isso que torna sua trajetória tão inspiradora.
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