Entrevista com Leandro Zavodini, presidente do Grupo Maripá.
Quando chegou a Lucas do Rio Verde em 2010, Leandro Zavodini veio com o propósito de conseguir se estabelecer e transformar sonhos em realidade. Na época com apenas 25 anos, ele veio de Marechal Candido Rondon, interior do Paraná, e atuava como vendedor de implementos agrícolas, atividade bastante promissora. Porém, ao longo dos dias percebeu que haviam muitos profissionais nessa área e forte demanda em outras. Ao conversar com produtores rurais que forneciam frango para a antiga Sadia, o jovem percebeu a necessidade de fornecer serviços para a limpeza de aviários.
Com visão de futuro, o empresário abriu a Agrícola Maripá, fazendo a aquisição de uma máquina junto ao produtor rural Julio Cinpak, que permitiu a limpeza dos aviários com maior agilidade. Com o negócio em alta, Zavodini adquiriu outros equipamentos e deu mais celeridade ao processo de higienização dos criatórios de frango. “A primeira máquina comprei pra pagar por ano, com prazo”, lembra o empresário, acrescentando que o esterco retirado dos aviários ficou para sua empresa, permitindo que ele iniciasse a venda desses produtos, bastante procurados para o plantio de grãos. Como a procura era grande, a empresa de Zavodini assumiu o processo de higienização de outros aviários na região.
Futura sede da Agrícola Maripá
Sempre atento às necessidades dos seus clientes, Leandro foi criando outras empresas, com o propósito de oferecer serviços e produtos de qualidade. A Maripá Comércio de Maravalha nasceu após uma conversa com um colaborador que estava no horário de almoço numa propriedade rural e sentiu a preocupação do produtor rural em conseguir maravalha para fazer a forragem dos aviários. Naquela época, o produtor era obrigado a buscar esse tipo de material em São Paulo, encarecendo o custo da produção de aves. Hoje, ele fornece para a BRF em todo o país.
Outras iniciativas terminaram com a criação de empresas, sempre com a preocupação de atender necessidades dos produtores rurais. O transporte de maravalha e do esterco, por exemplo, era um problema em alguns períodos do ano quando caminhões e carretas são bastante ocupados durante a safra. Neste sentido, nasceu a Maripá Transportes. Ao solucionar o problema de logística, Leandro Zavodini buscou meios para reduzir os custos para oferecer o serviço aos produtores e decidiu criar a Mecânica Maripá. Outra empresa que nasceu nesse segmento foi a Lava Jato Maripá, especialista em lavagem e desinfecção dos caminhões do grupo Maripá e também da BRF. A Chapeação Maripá também foi criada para os cuidados que a frota de 80 caminhões precisa receber periodicamente. Os veículos de carga trafegam por boa parte do país, com bastante ênfase na região nordeste. Na Bahia, onde o agronegócio vem avançando, os produtos da Agrícola Maripá vêm aumentando a participação de mercado.
Uma preocupação que tenho é oferecer praticidade e agilidade para o produtor. Se ele pedir 5 mil toneladas de adubo orgânico eu tenho como entregar o produto de uma vez só, o produtor pode se programar para usar”, assinalou.
Dentro do planejamento de oferecer serviços aos produtores, Zavodini criou a Maripá Ambiental, que presta serviços em um segmento que vem sendo dia após dia alvo de fiscalização mais rígida e com uma legislação especifica para cada tipo de atividade rural. Considerado ‘celeiro do mundo’, Mato Grosso passou a ser acompanhado de perto e com critérios sanitários importantes para atender o mercado externo, bastante exigente com a qualidade do que é produzido em solo brasileiro.
Os esforços em criar um ambiente favorável para que o setor produtivo avance cada vez mais levaram Leandro a criar a Zavodini Investimentos, empresa que tem a tarefa de fomentar iniciativas rurais. Por meio a empresa, o produtor rural pode custear, entre outras coisas, a produção agrícola. O empresário explica que o pagamento é feito com o Plano Safra e sem burocracia de instituições bancarias, comum em tomada de empréstimos. “O produtor paga com o que ele vai produzir”, ressalta. “A Zavodini financia o produtor sem a CPR (Cédula de Produto Rural), nada de garantia. No banco tem que ter avalista, garantia, o produtor perde tempo e nem sempre consegue o objetivo”, pontuou.
Leandro sempre se mostrou preocupado em buscar empresas ou negócios que pudessem trazer soluções. O mais recente investimento é a participação societária numa empresa que hoje está sediada em Rondônia. A Paz Ambiental atua no ramo de Coleta, Transporte, Tratamento e Disposição final de resíduos perigosos, sendo referência em eficiência, qualidade e inovação no setor, utilizando-se das tecnologias mais avançadas para um atendimento especial que já rendeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Leandro trabalha com a perspectiva de instalar a parte industrial, onde ocorre a incineração de resíduos perigosos, em Lucas do Rio Verde. “Vamos trazer a logística pra cá”, disse. “Vamos poder fazer preços melhores para os clientes e vamos ampliar os atendimentos em Mato Grosso, com foco em Lucas do Rio Verde e Sorriso”.
Superação
A trajetória de Zavodini em Lucas do Rio Verde é marcada pela perseverança. Em 2014, o empresário passou por momentos difíceis quando a Sadia enfrentou um processo que terminou em fusão com a Perdigão e a criação da BRF. Foi um ano em que Leandro se viu obrigado a negociar as máquinas usadas na limpeza de aviários e até desenvolver outras atividades profissionais, como corretagem de imóveis, para se manter. Mesmo com o revés, o empresário não desistiu e retomou a Agrícola Maripá. Os anos de 2015 e 2016 marcaram o período de maior prosperidade. A partir daí, foram abertas as outras empresas do grupo que emprega 112 pessoas. Colaboradores que Leandro chama de irmãos e considera como familiares. Ele cita que em meio a pandemia, quando houve redução nas vagas de emprego em muitos setores da economia, a Maripá empregou dezenas de pessoas.
O empresário, que tem uma rotina de trabalho bastante ativa, conta com o apoio da família para levar os negócios adiante. A esposa Izabela tem sido o suporte necessário em todos os momentos e ajudado na consolidação dos negócios. Sua irmã, cunhado, irmãos e o sogro, que é advogado de formação e responde juridicamente pelo grupo, cuida do financeiro das empresas. Eles assumiram funções estratégicas que permitiram a Leandro ampliar os horizontes. Todo dia, de segunda a sexta-feira, ele levanta às 4 horas da madrugada e 1 hora e meia depois acompanha o início dos trabalhos na unidade de Sorriso. Às 8 horas ele volta para o escritório da empresa, na Avenida da Produção, bairro Industrial, e define ações com os coordenadores de cada setor, uma forma que Zavodini encontrou e que acredita ser a fonte do sucesso do grupo Maripá. “A família me dá um grande suporte. Sem eles eu não sou nada. E sem os funcionários também isso não seria possível”, descreve. “É uma satisfação muito grande, porque a gente veio de família
humilde, veio pra cá pra ser vendedor de implemento agrícola, funcionário. Ver onde a gente chegou e o que conseguiu, em dar qualidade de vida aos funcionários, coisa que a gente não teve”, ressaltou.
“A gente deve muito aos produtores. Sem eles, nada teria sentido. Todas essas empresas existem, foram criadas para facilitar a vida do produtor, deixar ele tranquilo”, destacou. Tarefa que, a julgar pela trajetória da Maripá, vem sendo cumprida a contento.
Questionado sobre as projeções para os próximos anos em relação ao Grupo Maripá, o empresário anuncia a criação da Maripá Armazéns Gerais, um segmento que se mantém em expansão dada a necessidade de espaço para guardar a produção agrícola. “O produtor tem trabalhado, desenvolvida tecnologias, mas a capacidade de armazenamento não acompanha esse ritmo. Então, pensamos em criar a Maripá Armazéns Gerais, o que deve acontecer em 2021 ou no máximo em 2022. Esse é o nosso próximo empreendimento”, prevê.
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