Alexandre Orbolato destaca desafios da habitação e a importância da participação social no crescimento de Lucas do Rio Verde
- Editor

- 10 de out.
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Engenheiro civil, vice-presidente do Conselho Municipal de Habitação, membro do Conselho da Cidade e inspetor do CREA, Alexandre Orbolato alia experiência técnica à preocupação com o futuro de Lucas do Rio Verde. Atuando há anos em projetos residenciais, comerciais e de infraestrutura, ele enxerga de perto os desafios de um município que cresce em ritmo acelerado e que precisa encontrar soluções para equilibrar expansão urbana, qualidade de vida e acesso à moradia.
Para Orbolato, o déficit habitacional não pode ser discutido apenas em números, mas deve considerar o perfil econômico das famílias que chegam e das que já vivem na cidade. “Hoje, cerca de 51% da população de Lucas do Rio Verde tem renda R$ 3.900,00 e 24% tem renda R$ 7.500. Parece uma renda boa, mas, diante dos valores praticados na construção civil, ainda é insuficiente. Um terreno de 250 metros chega a R$ 200 mil, e para financiar uma casa de R$ 300 mil é preciso ter uma renda de pelo menos R$ 8 mil a R$ 9 mil, de renda comprovada. Isso cria um descompasso entre renda e produto, que é o grande desafio da habitação”, observa.
A preocupação do engenheiro vai além do aspecto econômico. Ele destaca que o crescimento precisa ser planejado para evitar impactos sociais futuros. “Não se trata apenas de oferecer casas. Uma cidade em expansão exige escolas, postos de saúde, áreas de lazer e espaços públicos de convivência. Se isso não for acompanhado, o risco é perder a qualidade de vida que caracteriza Lucas do Rio Verde”, alerta.

Questionado sobre novos modelos construtivos, Orbolato mostra cautela. Ele defende que a busca por alternativas sustentáveis precisa estar alinhada às condições locais. “A palavra sustentável virou moda, mas até onde ela é viável para nossa realidade climática? Aqui temos variações térmicas de até 20 graus no mesmo dia. A alvenaria tradicional ainda se mostra a mais duradoura e resistente. Os novos materiais precisam de tempo para provar sua eficiência. Não existe milagre: a chuva é a chuva, a seca é a seca. O básico, quando bem feito, continua sendo o mais sustentável”, pondera.
Como membro dos conselhos municipais, Alexandre reforça a necessidade de aproximar a população e os profissionais técnicos das decisões que definem o futuro da cidade. “O Conselho da Cidade tem um papel importante ao estudar e indicar as áreas de expansão urbana e o sistema viário. Já no Conselho de Habitação, buscamos alternativas para viabilizar moradias de baixo custo. Mas os conselhos são deliberativos, não decisivos. Por isso, é essencial que o poder público esteja atento e que a sociedade participe. É nas audiências públicas e nos debates do plano diretor que podemos apontar caminhos mais técnicos e responsáveis”, explica.
Essa visão prática se reflete também em sua atuação no mercado. Recentemente, seu escritório participou do projeto de ampliação do Colégio La Salle, que ganhou 11 novas salas e 1.600 m² de área construída. “O diretor do colégio acredita que em três ou quatro anos essa ampliação já estará saturada. Isso mostra como o crescimento da cidade é rápido e exige planejamento constante”, afirma.
Para Alexandre Orbolato, os desafios de Lucas do Rio Verde não são diferentes de outras cidades médias que enfrentam pressão por habitação e infraestrutura. A diferença, segundo ele, está na capacidade de organizar o crescimento. “Temos que alinhar poder público, conselhos, profissionais da área técnica e a própria comunidade. Só assim vamos conseguir que o desenvolvimento seja ordenado, sem abrir espaço para ocupações irregulares e sem perder o padrão de vida que conquistamos”, resume.
Com a chegada de novos investimentos previstos para Lucas do Rio Verde e região, impulsionados por rodovias, ferrovias e pelo avanço do agronegócio, a tendência é que o fluxo migratório se intensifique e a demanda por moradias cresça ainda mais. Para Alexandre Orbolato, esse cenário representa, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade. “O crescimento é inevitável, mas pode ser conduzido de forma planejada. Se soubermos aproveitar esse momento, poderemos desenvolver políticas habitacionais sólidas, que garantam acesso à moradia digna e assegurem que o desenvolvimento econômico caminhe junto com a qualidade de vida da população”, conclui o engenheiro.

Matéria: Celso Nery






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